quinta-feira, 20 de maio de 2010

Enchentes, Praças e Garagem Subterrânea


Na vida vivemos de muita imitação e alguma criatividade, quando a lucidez nos permite. Certamente a imitação do que é bom nos fará melhores, o contrário nos levará ao erro e ao descrédito, principalmente quando reincidimos no erro.

Erros e acertos fazem parte das nossas vidas e, diz-me um amigo psicanalista que, devemos conviver equilibradamente com um e outro “amorizando” a imitação para não torna-la invejosa.

Se tivesse que imitar o ex-prefeito Edinho Araújo, continuaria a obra, importante, do Serviço Municipal de Água, mas evitaria o “Trem Caipira”, dentre outras coisas, para não cair no ridículo. Ainda me pergunto: qual a finalidade de um GPS (Sistema de Posicionamento Global) num trem que funcionará uma vez por mês, sabe-se lá quando e cujo itinerário recente, após mais de um ano de estudo vigorosos, terá menos de 1 km? Seria o receio de sair dos trilhos e não encontrar o caminho de volta? Se a resposta for verdadeira busquemos o GPS, pois o “trem” já está fora dos trilhos. Quanto a Estação de Tratamento de Esgotos jamais cairia no ridículo de inaugurar aquilo que não está pronto. Até o Odorico Paraguassú esperava pela materialidade de um cadáver para inaugurar a tão sonhado obra que coroaria sua administração – um cemitério.

Quando o assunto é enchente eu gostaria mesmo é de imitar o ex-prefeito Wilson Romano Calil que vislumbrou a Praça Cívica, desapropriou cerca de 30.000 m2 acabando com a interrupção do centro da cidade com a Vila Maceno, provocada pelas cheias do rio Preto e, na dúvida, determinou a construção dos viadutos da Jordão Reis, resolvendo um problema de décadas e harmonizando a paisagem urbana.


Vista aérea do Viaduto Jordão Reis.

Muitas manifestações recentes de técnicos e pessoas comuns, sobre enchentes são apropriadas, como o parcelamento do solo nas cabeceiras dos córregos Canela e Borá que leva a impermeabilizando do solo, com cumplicidade criminosa da Câmara Municipal; a falta de planejamento para construções de piscinões (...e não foi por falta de avisos); a obstrução dos das velhas canalizações dos córregos sob as avenidas Alberto Andaló e Bady Bassit, dentre outras. Diz um ilustre e velho engenheiro, na sapiência de suas observações e sempre preocupado com a nossa cidade, que a maior enchente ainda está por vir. Acredito nele. Precisamos, pois, repensar a ocupação das áreas de influência dos vales, abrir os canais dos Córregos Canela e Borá entupidos por lixo, terra e entulho, construir os piscinões e educar os políticos para que não cometam mais agravos ao meio com ações imediatistas e de atendimento à freguesia.



Córregos de São José do Rio Preto

Se por um lado considero correta a proibição de distribuição de propaganda junto os faróis de trânsito, principalmente nas Avenidas Bady Bassit e Alberto Andaló, por outro lado não vejo prioridade (destaquei) no alargamento da calha do rio Preto, entre a represa e a Ponte Maria Benta, até mesmo porque esta ponte fará a interrupção do curso d’água. Ali permanecem o entulho e as fundações da velha ponte configurando um grande obstáculo à passagem da água. Deve-se considerar, ainda, que as Avenidas Bady Bassit e Alberto Andaló inundam antes do que o rio Preto se encha. Existe uma prioridade à montante da represa municipal no tocante a proteção dos mananciais, principalmente da represa municipal, para que não venha a se assorear mais do que está.

Clique no link para assistir à reportagem exibida no Jornal Nacional em 07/10/2009  Reportagem JN

Reconheço que existe uma preocupação recente da Prefeitura Municipal com a arborização urbana, porém, a cidade carece de praças, sem as quais pouca influência terá o plantio isolado pelas ruas. Quem sabe o Senhor Prefeito ao reunir os bens imóveis da cidade para “leiloa-los” e com os valores arrecadados agregue áreas novas, por imitação ao já mencionado passado administrativo da cidade, e presenteie-nos com algo que nos dê vida e saúde. Vender áreas públicas para enchê-las de cimento é a imitação de mais um dos equívocos de mau gosto, pela qual também passou a administração anterior, que trocou a área projetada para ser “Parque Ecológico”, defronte ao cemitério Jardim da Paz, por asfalto e um parquinho de brinquedo.


Vamos trabalhar pelo bem-estar da cidade de Rio Preto Senhor Prefeito, lendo e aplicando os existentes Planos de Micro e Macro Drenagem, e observando as recomendações do Relatório da Comissão Especial de Vereadores que estudou a situação das nascentes no município. Trocar áreas públicas por obras e cimento não é uma boa idéia, é a pior das imitações.

O novo feita da prefeitura é a destituição de um bem do povo, a Praça D. José Marcondes, para a cessão por 30 anos à iniciativa particular, para construção de uma garagem subterrânea. Garagem subterrânea? Numa cidade sem verde, sem praça e candidata a se tornar sem graça? A praça possui 65 exemplares arbóreos de 16 espécies, além de inúmeros exemplares de herbáceas, que se forem ao chão, fará do centro da cidade um deserto, com prejuízos futuros para o próprio comércio. É preciso que a sociedade rio-pretense una-se contra este ato contra o meio ambiente. Lembro ainda que o rebaixamento do lençol freático prejudicará todos os poços semi-artezianos existentes no entorno da praça.



Foto da Praça Dom José Marcondes

    Foto da Praça Dom José Marcondes
 Foto da Praça Dom José Marcondes

 Vista aérea da Praça Dom José Marcondes 

 Foto da Praça Dom José Marcondes

A Câmara Municipal, para agir com correção, não pode deixar de exigir o Estudo de Impacto Ambiental e o Relatório de Impacto de Meio Ambiente, promovendo de acordo com a lei audiências públicas. Esperamos também do Ministério Público manifestação a respeito. Mas o que desejo mesmo, Senhor Prefeito, é vê-lo idealizar coisas novas e imitar o que ocorreu de bom na gestão daquele que seguiu a inspiração do urbanista Ugolino Ugolini e criou a Praça Cívica.

Arif Cais
Professor voluntário na UNESP.

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